Manjericão / Basil

O dia está terrível. Chuva, frio, vento. Um péssimo dia para o mercado.
Os dois últimos dias passaram-se bem. Mestre no manuseamento de baldes, intitulei-me “the bucket man”, o novo super herói que, como meio de transporte, tem um tractor dos anos sessenta e o seu assistente inseparável, “the water man” (Henrik, o regador).

Perto do fim, dou sempre por mim a soltar-me, e depois, um sentimento estranho de não pertença. “The show must go on” dizia Roger, hoje de manhã, ao descarregarmos o atrelado sob intenso temporal.

Bjorn, o maluco viajado que tem sempre uma história para contar e muitos mais recursos que os que aparenta ter. Deu-me o seu gorro tipicamente sueco depois de o ter elogiado.

Jorgen, o pequeno homem, que usa as meias por cima das calças. Sempre pronto para ajudar, e que penso, 

ter um mundo muito seu. Canta num côro.

Henrik, my friend, já disse muito sobre ele. Foi o meu buddy e tornou tudo muito mais fácil. Ficámos ainda de nos ver neste mês. Estamos a torcer para que Suécia e Portugal se encontrem nos quartos.

Cuilhermo, desejou-me “buena sorte”, o mesmo que lhe tinha para dizer. E encolheu os ombros, como dizendo, às vezes é assim. Não se pode gostar de toda a gente.

Ilen, a filha teenager, que parecia distante mas de repente vejo-a a provocar risadas na mãe com abraços e a fazer uma massagem capilar ao pai, durante uma sessão de cinema.

Britt-Marie, a mulher imparável. Por vezes, mostra-se preocupada mas a quantidade de coisas que tem de gerir é impressionante. Continuo a achar que devia comer mais frutas e legumes e menos vitaminas.

Roger, o sábio da fazenda. Também já falei muito dele aqui mas tenho ainda que dizer que, já perdeu uma mulher, já abrigou inúmeras crianças/adolescentes com problemas mentais ou vidas muito problemáticas. Chegaram a ter 5 ao mesmo tempo. Uns são considerados filhos e têm agora vidas normais. Um homem sempre com um sorriso na cara, compreensivo e tem como lema: onde vês um problema eu vejo uma oportunidade. É inegável o brilho nos seus olhos quando vê a suas plantas crescer. Despediu-se com uma frase que não me lembro ter ouvido antes: “Obrigado por te conhecer”.

Vou agora ver se os meus novos amos já chegaram...

The water man

The day is terrible. Rain, cold, wind. A bad day for the market.The last two days went well. Master in handling buckets, I titled myself  of "the bucket man", the new super hero who, as a means of transport has a tractor of the sixties and his inseparable assistant, "the water man" (Henrik, who waters). Close to the end, I always find myself a little bit more loose, and then, a strange feeling of not belonging. "The show must go on" Roger said, this morning, when we were unloading the wagon under the storm. 

Bjorn, the traveled madman who has always a story to tell and many more resources than it appears. He gave me his typically Swedish cap after I having praised it. 

Jorgen, the little man who wears socks over the pants. Always ready to help, and I think, that has a world much on his own. He sings in a choir.

Henrik, my friend, I already said much about him. He was my buddy and made everything much easier. We should meet again someday during June. We are hoping that Sweden and Portugal meet in quarter finals.

Guilhermo, wished me "buena sorte", the same I had to say him. And shrugged his shoulders, as if saying, sometimes it's like that. We can't like everyone.

Ilen, the teenager daughter, who seemed distant but suddenly, I see her making her mother laugh with hugs and a giving a hair massage to her father, during a film session.

Britt-Marie, the unstoppable woman. Sometimes it shows some concern but the amount of things that she has to manage is impressive. I still think she should eat more fruits and vegetables and less vitamins.

Roger, the farm's wise man. I've also talked a lot of him here but I have to say that, he already lost a wife, they housed many children/adolescents with mental health problems or with problematic lifes. They had 5 of these children at the same time. Some are considered as sons and now have normal lives. A man always with a smile on his face, understanding, and has as his motto: where you see a problem I see an opportunity. It's undeniable the sparkle in his eyes when he's watching his plants growing. He said goodbye with a phrase that I do not remember having heard before: "Thank you for knowing you."

I will now see if my new masters have arrived...

The bucket man